Empreendimento em São João da Barra conta com um parque termelétrico de R$ 12 bilhões, retroárea de 90 km² e amplia projetos em transição energética
O Porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro, opera como maior complexo privado de águas profundas da América Latina, combinando vocação logística, parque industrial e um hub energético em rápida expansão. A profundidade natural e o desenho de terminais permitem receber navios de grande calado (como VLCCs), enquanto a retroárea de 90 km² viabiliza fábricas, bases de óleo e gás e serviços logísticos integrados.
Além do eixo marítimo, o complexo ganhou musculatura energética. O parque termelétrico a gás natural soma R$ 12 bilhões em investimentos, e o plano de transição prevê hidrogênio e combustíveis de baixo carbono, abrindo espaço para produtos verdes de exportação e cadeias industriais de maior valor agregado.
Onde o Açu se destaca e por que isso importa
Na fronteira da transição, o plano de expansão inclui hidrogênio verde, amônia verde e combustíveis de baixo carbono, com anúncios que somam investimentos bilionários em energia limpa ao longo da próxima década. Projetos como planta de combustível verde (R$ 1 bilhão) e acordos para amônia têm o objetivo de posicionar o Açu como polo nacional da descarbonização, articulando geração renovável onshore/offshore e cadeias químicas de exportação.
Logística e desempenho: calado profundo, carga recorde e comparação com hubs
Em volume, o Açu movimentou 84 milhões de toneladas em 2023 e projetou atingir 100 milhões em 2024, impulsionado por minério e petróleo.
A Ferroport bateu recorde de 25,014 milhões de toneladas de minério em 2024, enquanto o T-MULT alcançou 10 milhões de toneladas.
Em 2025, Anglo American e Ferroport somaram 200 milhões de toneladas exportadas historicamente marcos que demonstram maturidade operacional e ganho de escala.
Na comparação doméstica, o Porto de Santos mantém maior volume total (173 milhões de t em 2023), mas o Açu se diferencia pelo calado e pela estrutura privada focada em grandes navios. Receber VLCCs com regularidade é um ativo estratégico para correntes de petróleo, reduzindo custos por tonelada e tempo de estadia.
Para o exportador, essa combinação de profundidade, janela e retroárea ampla eleva previsibilidade e reduz fricções logísticas.
Governança, meio ambiente e tecnologia: eficiência com ESG na prática
A operação portuária e industrial vem sendo acompanhada por programas de ESG e monitoramento meteo-oceanográfico (SISMO), além de Vessel Traffic Service (VTS) para segurança da navegação. Projetos de conservação (como o monitoramento de tartarugas marinhas) e políticas de incentivo ambiental a embarcações de melhor desempenho complementam o pacote.
No lado tecnológico, a adoção de algoritmos e inteligência artificial na Ferroport reforça o ganho de produtividade e ajuda a reduzir variabilidade de pátio, fila e embarque.
Esse arcabouço digital, somado a uma gestão privada com cadeias de decisão mais curtas, sustenta a ambição de ampliar volumes sem abrir mão de segurança operacional e metas ambientais.
O que ainda desafia o complexo e os próximos passos
Apesar dos avanços, os acessos terrestres seguem no radar: aprimorar conexões rodoviárias e ganhar capilaridade ferroviária é crucial para capturar novas cargas industriais e reduzir custos logísticos totais.
A governança social e o diálogo territorial também permanecem centrais, dada a escala do empreendimento e seus efeitos sobre municípios vizinhos.
Na agenda de futuro, o Açu mira consolidar-se como “porto da transição energética”, amarrando energia eólica offshore, gás, hidrogênio e combustíveis verdes a contratos de longo prazo.
A estratégia é transformar profundidade e retroárea em vantagem industrial, conectando recursos naturais, tecnologia e financiamento verde e, com isso, sustentar o título de maior complexo privado de águas profundas da América Latina com maior valor agregado por tonelada.
Para quem opera no dia a dia, o Açu entrega a eficiência que promete? Os acessos terrestres ainda são um gargalo para a sua carga? Transição energética no cais é discurso ou já virou contrato firmado e demanda real? Conte sua experiência de armadores a caminhoneiros, de engenheiros a agentes de cargas. Seu relato ajuda a medir, na prática, o impacto desse gigante e o caminho para fazê-lo ainda mais competitivo.
*Com informações do portal Click Petróleo e Gás
